O fortalecimento da economia criativa ganhou novo fôlego em Imperatriz com a realização de encontros mensais promovidos pelo Sebrae com apoio da Suzano. A iniciativa reúne 100 mulheres empreendedoras que recebem acompanhamento individual e participam de capacitações coletivas, voltadas para melhorar a gestão de seus negócios e ampliar oportunidades de mercado.
Entre as participantes está Osineide Maria de Almeida, que há oito anos trabalha com lanches. A rotina de produção sempre foi intensa, mas ela admite que havia falhas na gestão. “Antes das consultorias, a gente tinha algumas dificuldades. Achava que estava fazendo certo, mas não estava. Hoje já aprendi sobre precificação, vendas e estratégias, e isso abriu muito a minha mente”, relata.
A confeiteira Ana Maria de Souza Moreira também viu sua trajetória mudar. Há seis anos produzindo doces no pote, quase desistiu diante das dificuldades financeiras. “Eu não tinha noção de custos e vendia meu produto abaixo do que gastava. Estava desanimada, mas o Sebrae chegou e me deu um novo gás. Hoje eu vejo meu trabalho como uma empresa que pode crescer”, afirma.
O processo de formalização tem sido um divisor de águas. Ana Maria, que ainda vende de casa, já planeja abrir um ponto fixo de comercialização. “Depois das oficinas, entendi que só com CNPJ vou poder expandir, emitir nota fiscal e negociar com outras empresas. É um passo que vai mudar minha vida”, acrescenta.
A formalização é um dos temas mais trabalhados no projeto. Muitos participantes ainda têm receio de registrar a empresa, temendo perder benefícios sociais. Por isso, o Sebrae tem atuado de porta em porta para esclarecer dúvidas e apresentar as vantagens do CNPJ.

Dados revelam força das mulheres entre os dos empreendedores individuais – Somente no primeiro semestre de 2025 foram abertas 2,6 milhões de novas empresas, um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior. A maioria corresponde a microempreendedores individuais (MEIs). Hoje, o Brasil conta com mais de 16 milhões de MEIs ativos, dos quais 49% são mulheres, segundo levantamento do Sebrae.
Para quem se formaliza, o impacto no faturamento é expressivo. Um estudo divulgado pelo Sebrae em março deste ano mostrou que empreendedores com CNPJ faturam em média R$ 6.117 por mês, enquanto os informais chegam apenas a R$ 2.115 – uma diferença de 65%.
É esse salto de renda que motiva mulheres como Osineide a investir mais no aprendizado. “As consultorias e oficinas fazem a gente enxergar o negócio de outra forma. Hoje eu consigo planejar e até compartilhar com outras pessoas tudo o que aprendi”, conta.
Segundo Didéia Torres, analista do Sebrae, a metodologia prevê encontros mensais para consolidar os conteúdos trabalhados nas consultorias individuais. “É um espaço para troca de experiências e para reforçar o aprendizado. Além disso, convidamos instituições financeiras, como o Banco do Nordeste, para apresentar linhas de crédito adaptadas ao perfil dessas microempreendedoras”, explica.
A agenda também inclui oficinas práticas, como geladão gourmet, manipulação de alimentos, design e comercialização, além de cursos de pintura em tecido em municípios vizinhos. As empreendedoras ainda participam de feiras, onde podem testar estratégias de mercado e ampliar sua rede de contatos.
Para Ana Maria, essa rede de apoio faz toda a diferença. “Eu estava prestes a desistir. Hoje, com o que aprendi, já penso em expandir, contratar pessoas e viver do meu negócio. Antes era só uma vendinha, agora já é uma empresa”, celebra.