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Mulheres quilombolas de Cantanhede levam produtos sustentáveis à COP30

Quilombás: da força das palmeiras ao reconhecimento internacional, a marca criada por 80 mulheres transforma tradição em futuro sustentável.
Por Assessoria de Comunicação - ASCOM
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Foi debaixo de uma mangueira, em um encontro simples, porém cheio de propósito, que nasceu a Quilombás, uma marca criada por mulheres de dez comunidades quilombolas do município de Cantanhede, no Maranhão. Dali, do chão das Comunidades Viúva e Cachimbo, germinou uma ideia que une ancestralidade, sustentabilidade e geração de renda.

Essa ideia, regada pela força coletiva, floresceu e agora se prepara para um palco global. A Quilombás foi selecionada para apresentar seus produtos na COP30, a maior conferência climática do mundo, que será realizada em Belém (PA), em 2025, provando que a transformação que nasceu localmente tem impacto internacional.

O trabalho coletivo das mulheres quilombolas transforma tradição em renda e ganha reconhecimento internacional e são apresentadas durante a COP30. (Foto: Ana Angelotti).

Com apoio do Sebrae Maranhão, do Senar e do Instituto Vida Geradora (IVG), o grupo passou a enxergar no babaçu, fruto abundante na região e parte essencial da vida quilombola, uma fonte de transformação. Os parceiros capacitaram as mulheres na extração, no design de biojoias e na produção de sabonetes, aromas e artesanatos 100% orgânicos, valorizando o saber tradicional e o cuidado com o meio ambiente.

A força que nasce da palmeira – Hoje, são 80 mulheres quilombolas que encontraram na Quilombás uma nova forma de sustento e também uma maneira de afirmar sua força e identidade.
“Pra nós o babaçu é um orgulho, uma conquista muito importante pra comunidade, pra nós mulheres, donas de casa, donas de família. É um orgulho poder mostrar nossos produtos, e a gente só tem a melhorar e crescer como pessoas e profissionais”, conta Rosimeire Mendes Araújo, uma das artesãs do grupo.

Babaçu, matéria-prima símbolo de resistência e sustentabilidade nas mãos das artesãs quilombolas de Cantanhede. (Foto: Ana Angelotti).

Ela se emociona ao falar sobre o alcance que o trabalho ganhou, “A gente nunca imaginou que os nossos produtos fossem para Portugal, para Inglaterra, para algum evento internacional. É uma felicidade enorme ver que o que a gente faz aqui vai pro exterior, que o Brasil e o mundo vão conhecer o que nasce da nossa comunidade. E agora, na COP30, é mais um passo para nossa história”, conta a artesã.

Superação e aprendizado coletivo – A trajetória das mulheres da Quilombás é marcada por superação. “O que nós queremos passar é que a mulher pode tudo, que somos capazes de conquistar, de aprender, de amar”, diz Lourdimar Mendes, liderança quilombola, lembrando o início desafiador.

“Quando comecei sabia apenas extrair e quebrar o babaçu, como todas as mulheres, achava que não ia conseguir aprender. Mas, com o tempo, fui vendo que a gente podia fazer de tudo aqui. Hoje, aprendi a transformar o babaçu em peças, sabonetes e aromas que ajudam no sustento da família”, Lourdes conta orgulhosa.

produtos feitos de forma artesanal e sustentável representam o Maranhão na COP30 maior conferência climática do mundo. (Foto: Ana Angelotti).

O babaçu, que antes era apenas parte da rotina e das lembranças de infância, agora é também fonte de renda e orgulho. “O babaçu sempre fez parte da nossa vida. Vem das nossas avós, das nossas mães. Antigamente, a gente usava a palha para cobrir as casas. Agora, descobrimos que podemos fazer materiais lindos e de qualidade. Dá orgulho pra gente”, enfatiza a liderança.

Da raiz à COP30 – O reconhecimento do trabalho ultrapassou as fronteiras do Maranhão. A Quilombás. A participação na COP30 representa a valorização da economia criativa e sustentável do estado, mas também a visibilidade das mulheres quilombolas como protagonistas na construção de um futuro mais equilibrado entre tradição e inovação.

“Cada peça que fazemos carrega história, saber e identidade. É o reflexo de um Brasil que existe, cria e renasce todos os dias”, resume Maria Alice Ferreira Mendes, integrante do grupo. A Quilombás mostra que sustentabilidade é mais do que uma palavra, é um modo de viver”, resume Maria Alice.

o trabalho das mulheres quilombolas do Maranhão mostra como a tradição pode construir um futuro mais justo e inovador. (Foto: Ana Angelotti)

O papel do Sebrae no fortalecimento da Quilombás – Desde o início do projeto, o Sebrae Maranhão tem atuado de forma estratégica junto às comunidades quilombolas da região, oferecendo capacitações, mentorias e consultorias nas áreas de empreendedorismo, design sustentável, gestão e fortalecimento de marca. Entre as ações realizadas, destacam-se as capacitações em artesanato com as comunidades Viúva e Cachimbo, o plano de negócios do grupo Quilombás, que está sendo desenvolvido para as duas comunidades, e o treinamento em comportamento empreendedor, promovendo autoconhecimento e visão de futuro.

O objetivo é impulsionar o protagonismo feminino, a geração de renda e a valorização dos saberes locais como motores de desenvolvimento sustentável. Para Carlos Marques, analista e gerente adjunto do Sebrae na regional Lençóis-Munim, o resultado desse trabalho vai muito além da produção de biojoias e artesanatos. “A participação da Quilombás na COP30 representa o reconhecimento do potencial criativo e sustentável das mulheres quilombolas do Maranhão. O Sebrae tem orgulho de contribuir com esse processo, ajudando a transformar talento e tradição em oportunidades reais de desenvolvimento. Nosso compromisso é seguir lado a lado, apoiando iniciativas que unem inclusão, sustentabilidade e geração de valor para as comunidades maranhenses”, avaliou.

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