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Concebido para ser ponte entre financiadores do asfalto e empreendedores das comunidades, o Expo Favela Innovation ganha sua primeira edição no Maranhão. O evento teve início nesta quinta (14) e segue até amanhã (sexta-feira, 15), no Centro de Convenções do Multicenter Sebrae Negócios e Eventos, localizado no bairro do Cohafuma, na capital maranhense.
Pelo menos 90 empreendedores de áreas periféricas da região metropolitana de São Luís, assim como de outras cidades, estão participando. Nos dois dias de evento, o Sebrae está presente com um stand para atendimento a pessoas que já têm negócios ou aquelas que desejam iniciar sua jornada empreendedora. Durante a programação, especialistas da instituição também realizam palestras com temas ligados ao empreendedorismo.
A abertura do Expo Favela Innovation ocorreu por volta das 11h, no auditório principal do Multicenter Sebrae, com Charles Adaga, que é o presidente da Central Única das Favelas (Cufa), no Maranhão; de Hildenê Maia, que é gerente de Empreendedorismo Territorial do Sebrae Maranhão; de Otaviano Costa, que é assessor especial do vice-governador Felipe Camarão, e representou o governo do Estado; do secretário de Estado de Desenvolvimento Social (Sedes), Paulo Casé; entre outras autoridades.
Na Expo Favela, os participantes poderão assistir palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, mentorias, debates e diversas outras iniciativas de (e para) empreendedores de favelas. Já a proposta do stand do Sebrae dentro do evento é de apresentar os produtos digitais da instituição, como o “App Sebrae”, ferramenta voltada prioritariamente para o microempreendedor individual, o MEI.
“Estamos oferecendo orientações para os empreendedores, seja para formalizar, para ter seu CNPJ. Dentro do Expo Favela, haverá uma programação muito extensa, onde o Sebrae é responsável por três palestras, sendo uma sobre o ‘posicionamento’ dos empreendedores nas redes digitais”, declarou a gerente de Empreendedorismo Territorial do Sebrae MA, Hildenê Maia.
90 expositores são selecionados
O presidente da Cufa no Maranhão, Charles Adaga, ressaltou que o evento expõe o trabalho de startups de favelas, promove discussões e cria oportunidade para os moradores de áreas vulneráveis. É o “empurrãozinho” que precisam e merecem. “O objetivo da Expo Favela é o de conectar pequenos negócios da favela, de territórios quilombolas e indígenas, com os grandes empresários”, disse Charles.
Ele informou que as inscrições para a Expo Favela foram abertas para todo o estado do Maranhão. Cerca de 90 expositores foram selecionados para esta primeira edição do evento no estado, e, no final da programação, dez empreendedores serão selecionados para participarem da Expo Favela Nacional, que acontecerá em dezembro deste ano. Charles disse ainda que a expectativa de público para o primeiro dia do evento no Multicenter Sebrae seria de cinco mil pessoas, com participações de expositores de Caxias, Alcântara, Cedral e em maior peso da Grande Ilha.
“Temos muitos trabalhos que a periferia faz e que precisam ser expostos, reconhecidos, valorizados e incentivados”, declarou Otaviano Costa, assessor especial do vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão.
NOVO PASSO
Iracema Amorim, de 58 anos, que é funcionária pública e instrutora de oficinas de artesanato reciclável, enxergou, há um ano, uma oportunidade de empreender. Iracema produz bonecas pretas manufaturadas, com materiais recicláveis, como o papelão, além de sobras de recortes de tecidos.
Ela disse que já teve a oportunidade de participar de uma palestra do Sebrae sobre precificação de produtos. “Foi apenas uma curta mentoria e foi uma grande orientação sobre como devemos dar valor (preço) àquilo que produzimos. A consultoria ocorreu na Cidade Operária, no fim de agosto, sendo que o momento foi proporcionado pela Fundação Justiça e Paz. Graças ao Sebrae, agora eu entendo o processo de definição do valor monetário a ser cobrado pelos meus produtos”, afirmou Iracema Amorim.
DADOS
Neste ano, o Data Favela divulgou os dados de sua mais recente pesquisa que traz um raio x das comunidades em todo o país e mostra quais os sonhos da população destes locais. De acordo com as informações apresentadas, 35% dos moradores da favela sonham em empreender.
Ainda de acordo com o estudo, se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o 3º maior do Brasil em população. São estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e 7 em cada 10 pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e possuem um CNPJ.
