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Durante três dias, a Expedição do Polo Serras Guajajara, Timbira e Kanela percorreu os municípios de Barra do Corda, Grajaú e Arame para validar a primeira versão do roteiro turístico integrado da região. Realizada entre 8 e 10 de dezembro, a iniciativa é parte do trabalho continuado do Sebrae no fortalecimento do turismo no Maranhão, por meio da Rede de Agentes de Roteiros Turísticos, e contou com a participação de representantes das secretarias municipais de Turismo, conselhos municipais e Instâncias de Governança – IGR.
Localizado na porção central do Maranhão, o Polo Serras Guajajara, Timbira e Kanela destaca-se pela forte presença dos povos originários e por comunidades rurais de tradição agroextrativista. Reúne territórios trabalhados pelo Sebrae por meio de ações da carteira do Turismo. A paisagem combina rios, áreas de transição entre cerrado e floresta e um patrimônio cultural vivo — elementos que dão identidade a uma rota autêntica, com alto potencial para o desenvolvimento de experiências sustentáveis, de base comunitária e capazes de fortalecer a economia local.
A posição geográfica é outro diferencial. Considerando Grajaú como referência central, o Polo está a cerca de 580 km de São Luís. Pelo sul, o acesso é facilitado por Imperatriz, que conecta o Maranhão ao Tocantins e ao norte do país, e por Balsas, polo econômico regional e via estratégica do MATOPIBA. Esses municípios funcionam como portas de entrada que ampliam o fluxo de visitantes, favorecem o turismo de curta e média distância e facilitam a chegada de viajantes de outras regiões.
O roteiro da expedição
O percurso começou por Barra do Corda, com café da manhã e trilha ecológica na propriedade do apicultor Wilson Melo. Logo depois, um passeio de barco pelo Rio Corda permitiu uma visão privilegiada da relação da cidade com suas águas, incluindo parada na histórica Pedra Marma. “O passeio náutico mostra a beleza da cidade de outro ângulo. É uma atividade que emociona e que tem um potencial enorme para atrair visitantes e fortalecer o turismo local”, afirma o barqueiro Amauri Melo Chaves. A agenda seguiu com almoço na Beira Rio e visita à Aldeia Cachoeira Grande, marcada pela queda d’água que integra a história da antiga hidrelétrica construída no local.
Em Grajaú, a comitiva conheceu o modo de fazer tradicional na Casa de Farinha do Tião, no povoado Remanso, onde os visitantes participaram de um café da manhã com produtos derivados da mandioca. A vivência destacou a força da produção familiar. “Para mim, é muito gratificante ver o movimento crescer. Com o apoio do Sebrae, já fiz dois treinamentos e pude melhorar meu produto. Quero que a farinha do Remanso tenha sempre a mesma qualidade, que seja reconhecida. Receber visitantes aqui em casa é uma alegria”, conta Sebastião Borges. O almoço ocorreu no Balneário do Chicão, às margens do Rio Mearim, ao som de música regional. À tarde, o grupo seguiu para a Aldeia Arymy, onde houve trocas com lideranças, rituais, culinária indígena, pintura corporal e um café da tarde que reforça a hospitalidade dos povos originários.
O último dia da expedição foi dedicado a Arame, com início no Memorial da Cidade, onde uma coleção de objetos e registros fotográficos que contam a história do município. Na Aldeia Barreirinha, os visitantes participaram de cantos e danças tradicionais, trilha com observação da mata e dos animais, oficina de arco e flecha, visita ao meliponário e refeições típicas. “Receber a expedição é mostrar nosso modo de viver. O turismo ajuda a fortalecer nossa cultura e cria oportunidades para os jovens da comunidade”, explica a liderança Jó Lima Guajajara. O percurso terminou no Sítio Superação, onde Dona Dina mostrou que hospitalidade é também uma forma de patrimônio. Com café fresco, bolo caseiro e frutas da roça, ela recebeu o grupo com o calor das casas do interior. Além, de produtos caseiros como doces, conservas, molhos e temperos naturais.
Primeira experimentação e próximos passos
A expedição representa a primeira experimentação do roteiro integrado, servindo como base para ajustes, aprimoramento das experiências e futura transformação das rotas em produtos turísticos comercializáveis. As informações levantadas serão sistematizadas para orientar as próximas etapas, que incluem qualificação dos atrativos, novas capacitações e alinhamento com o mercado.
Para Rosângela Costa, secretária de Indústria, Comércio e Turismo de Barra do Corda, a ação foi “uma experiência enriquecedora, repleta de trocas, escuta e conexão com a força cultural dos povos indígenas da região”. A coordenadora de Turismo de Arame, Katiusse Costa Bonfim, reforça: “Essa foi uma experiência magnífica. Tenho certeza que, a partir do que estamos fazendo aqui, o Maranhão inteiro vai conhecer Arame. Isso traz desenvolvimento, traz renda para famílias e para nossa cidade.”
O Sebrae vem atuando na cadeia do turismo na região, compreendendo a atividade como um motor estratégico para o desenvolvimento social e econômico dos três municípios, especialmente pela capacidade de movimentar pequenos negócios. “Quando se estrutura um roteiro, quem ganha não é só o atrativo. Ganha o restaurante, o artesanato, o transporte, o comércio, o produtor rural. O turismo é uma cadeia, e cuidar dessa cadeia é cuidar do desenvolvimento do território”, destaca André Veras, gerente da Unidade do Sebrae em Grajaú.
