No mundo dos negócios, não são raras as histórias de pais e filhos que empreendem juntos, dos que se lançam no empreendedorismo inspirados pelo pai ou ainda de rebentos que deram os primeiros passos apoiados financeiramente pelo paizão.
As estatísticas mostram que esse é um fenômeno comum no Brasil, onde cerca de 90% das empresas têm origem familiar, tornando habituais histórias de filhos que não abrem mão da presença paterna e que, trabalhando juntos, computam saldos gigantes, fortalecendo laços familiares e suas empresas.

Ao combinar experiência com perspectivas diferentes, essa prática consolida um modelo de gestão onde respeito é regra básica. Isso tem ajudado as empresas familiares a avançar no tempo. Segundo estatísticas do Banco Mundial, somente 30% dos negócios com esse perfil chegam à terceira geração. Uma boa dose de amor pode fazer toda a diferença nesse contexto.
“A necessidade de definir papeis e limites claros na gestão e de pensar em formas de atuação em conjunto, tendo o respeito e o diálogo como bases, são aspectos fundamentais para que essa relação seja proveitosa tanto no âmbito familiar, quanto para os negócios”, avalia Marina Lavareda, gerente de Atendimento do Sebrae no Maranhão.
Saboreando a conquista de quem nasceu e cresceu como empreendedor, inspirado pelo pai
Retratam bem esse quadro, Rodrigo e seu Anselmo Lima. “Meu pai foi o primeiro financiador, quando comprei a primeira máquina de sorvete, em 2011. Era uma ‘italianinha’, máquina de sorvete soft, que, na época, custou R$ 12 mil. Desse total, meu pai me emprestou R$ 6 mil e meu sogro, outro paizão, entrou com o restante. Eles foram os primeiros a acreditar nesse sonho, que se transformaria na Diverno Gelato”, relembra Rodrigo. Cliente do Sebrae em consultorias Sebraetec, que foram fundamentais na pandemia, Rodrigo ressalta que, ao dar apoio ao empreendedor, o “Sebrae acaba sendo uma espécie de pai bastante dedicado”.
Laços fortes – Vencidos inúmeros desafios ao longo do tempo, pai e filho permanecem juntos, construindo legados cada vez mais fortes, em que não faltam respeito, admiração, amor e confiança mútua. Tudo isso, forjado naquela infinita capacidade que tem os pais de acreditar no filho, acima de tudo. Entre Rodrigo e seu Anselmo, esse traço marca uma parceria que vai longe, se depender deles.

Essa parceria rende lições de vida, mais do que empresariais. “Em nossa família, somos mãe e pai orgulhosos, com o sentimento do dever da educação, orientação e conhecimento repassados terem sido assimilados e tão bem aplicados”, conta papai Anselmo. “Nele eu posso confiar, pois tenho a certeza de que é a pessoa que mais quer o nosso sucesso (dele e da esposa, Danielle, idealizadores da Diverno Gelato). Fora a relação empresarial, nosso convívio de pai e filho me inspira a ser melhor a cada dia. Que bênção é poder unir esse amor com a experiência dele e aprender todos os dias!”, explica Rodrigo.
Ele frisa que, como filho, sempre admirou o pai por ser uma pessoa muito íntegra, honesta e por valorizar o trabalho como caminho de vida. E considera essa a grande lição recebida. “Cresci vendo o comprometimento do meu pai com o trabalho, vendo-o batalhar para conquistar seus sonhos e eu também acabei absorvendo tudo isso. São coisas que levo como princípio e espero passar para os meus filhos”, reforça o empresário.
Hoje, seu Anselmo guarda no coração a consciência de ter cumprido bem o seu papel como pai. “É gratificante e motivo de orgulho essa trajetória tão bonita”, disse ele. “Ainda hoje, vez ou outra, ele me dá uns bons puxões de orelha com autoridade, sempre que cometo algum deslize ou estou indo por um caminho que ele desaprova. Com ele, aprendo todo dia que o caminho certo será sempre o caminho de amor, aprendizado e de respeito que construímos todos os dias, nos negócios e na vida”, conclui Rodrigo. “Se há um recado possível aos pais, isso tem a ver com amor e com a capacidade de juntos sermos sempre maiores”, completa o empresário.

DICAS SEBRAE PARA PAIS E FILHOS QUE EMPREENDEM JUNTOS
- Trabalhem com planejamento estratégico, com definição clara de metas, papéis e responsabilidades, para evitar conflitos e maximizar o potencial da parceria.
- Manter uma comunicação franca, aberta e transparente é essencial para o sucesso do negócio e para manter um bom relacionamento familiar.
- Respeito às diferenças, reconhecendo e respeitando as diferentes habilidades, perspectivas e estilos de cada um, é importante. Isso contribui para o bom funcionamento da empresa e a harmonia familiar.
- Equilíbrio entre vida profissional e pessoal, evita o esgotamento e mantém a qualidade dos relacionamentos.
- Busque assessoria e suporte de consultores ou especialistas em gestão familiar. Isso pode ser útil para lidar com os desafios específicos de empreender em família.