Brasília sediou durante três dias um importante evento que reuniu apicultores, meliponicultores, pesquisadores, estudantes e comerciantes de todo o Brasil, interessados na cadeia produtiva do mel. A caravana do Sebrae Maranhão levou representantes dos apicultores maranhenses, proporcionando uma participação ativa no XXIII Congresso Brasileiro de Apicultura e IX Congresso Brasileiro de Meliponicultura – CONBRAPI, encerrado neste domingo (26).
No evento, o professor Weverton Filgueira Pacheco, junto com seus discentes Eduarda Vasconcelos, Rayssa Caldas e Silvânio Junior foram premiados na categoria “Sustentabilidade, desenvolvimento, perfil e levantamento socioeconômico, economia criativa e solidária e educação ambiental”. O trabalho abordou a meliponicultura como ferramenta de desenvolvimento sustentável em comunidades rurais do município de Grajaú.
Com o Brasil se destacando na produção de mel com uma média de 54 toneladas por ano, o Maranhão tem contribuído significativamente para esse número, apresentando uma produção anual entre 3.500 e 4 mil toneladas de mel, segundo dados da Federação Maranhense de Apicultura e Meliponicultura – FEMAMEL.
Os municípios maranhenses engajados na produção de mel incluem Nova Olinda, Santa Luzia do Paruá, Presidente Médici, Maranhãozinho, Governador Nunes Freire, Maracaçumé, Novo Junco do Maranhão, Amapá do Maranhão, São João Batista, Viana, Arari, Araçatuba, Bacabeira, Colinas, Botibrava, Passageiro Franca, São Domingos do Maranhão, Barreirinhas, Santo Luzia, do Paraguai e Nova Olinda, Grajaú, entre outros.
Euler Tenório, Presidente da Federação Maranhense de Apicultura e Meliponicultura – FEMAMEL, destaca que o Maranhão, ao contrário de regiões semiáridas, não enfrenta problemas de seca, o que favorece a presença constante de flores, essenciais como fonte de néctar para as abelhas. Ele ressalta que além do mel, as abelhas produzem diversos produtos valiosos, como a própolis, uma substância com propriedades medicinais e antibióticas.
“O Maranhão não enfrenta os desafios de seca presentes no semiárido, o que contribui para a constante presença de flores na região. Essas flores, por sua vez, são fontes de néctar buscadas pelas abelhas. No entanto, o mel não é o único e principal produto resultante do trabalho das abelhas; há uma variedade de produtos, sendo a própolis um exemplo significativo”, explica o presidente.
O Meliponicultor de Barra do Corda, Wilson Melo, é um exemplo desse cenário, destacando-se na produção da abelha tubi, que não produz mel em grande quantidade, mas é rica em própolis. A partir dessa própolis, são produzidos extratos, pomadas e mel com pólen, reconhecidos pelos benefícios à saúde humana, incluindo propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e regenerativas.
Pedro Melo, filho de Ilson Melo e também Meliponicultor, compartilha como tudo começou: “Meu pai estava procurando uma abelha para polinizar acerolas e aumentar a produção da fruta. Foi assim que ele encontrou a abelha tubi com um produtor que não a queria mais, pois ela praticamente não produz mel, apenas armazena própolis para seu próprio alimento. Ao conhecer mais a fundo, por meio de estudos científicos, sobre os benefícios da própolis, meu pai decidiu investir na criação dessa abelha.”
O trabalho de Ilson Melo foi reconhecido com prêmios, incluindo o Startup Nordeste do Sebrae Nacional e o Concurso de Méis das Abelhas Nativas, além da participação em diversos congressos. A crescente demanda pelos produtos tem motivado os meliponicultores a investirem cada vez mais na divulgação e comercialização de seus produtos.
“Atualmente, temos mais de 600 colmeias dessa abelha para atender à demanda de produção de própolis, que é a matéria-prima dos nossos produtos. Desenvolvemos pomadas e remédios à base de própolis, vendendo para todo o Brasil por meio de correios, WhatsApp, redes sociais, e estamos desenvolvendo um site para aprimorar nosso atendimento”, explica Pedro Melo.
“O objetivo da caravana missão técnica do Sebrae Maranhão é estimular o desenvolvimento da cadeia apícola do estado, trazer melhorias técnicas, proporcionar momentos de networking, expandir a área de conhecimento e proporcionar um ambiente de negócios para os apicultores e meliponicultores do estado do Maranhão”, destaca Daniel Pereira, Gestor da missão técnica do Sebrae Maranhão.
Durante o evento, que ocorreu na Expo Indústria Brasília, os participantes tiveram acesso a palestras, mesas redondas, cursos e exposição de produtos, serviços e maquinários relacionados ao setor do mel.
“Para mim a participação nesse congresso está sendo uma experiência ímpar porque estamos trazendo nossos produtos por meio da Federação maranhense de mel e do Sebrae que, juntos, nos dá esse apoio. Estamos tendo acesso a conhecimento, enfim, estamos gratos por essa oportunidade a qual irá fortalecer a nossa apicultura”, afirma Antônio Ferreira, Apicultor de Buriti de Inácia Vaz.
O Congresso também contou com a participação de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), do programa de assistência técnica e gerencial. “O congresso foi gratificante porque possibilitou a troca de informações com profissionais e produtores das mais diversas regiões do país, sobretudo do Sul e centro oeste, bem como a descoberta das mais recentes novidades tecnológicas relacionadas ao beneficiamento do mel e manejo apícola. Isso é de muito proveito para todos aqueles que lidam com a atividade no país, desde o pequeno ao grande produtor”, afirma Breno Oliveira, técnico do Senar que que atua na região do Alto Turi maranhense
O próximo evento reunirá os congressistas em Aparecida, São Paulo, em 2024. A participação maranhense evidencia o comprometimento e a crescente importância do estado no cenário apícola nacional.