Em Açailândia, catadores e catadoras de materiais recicláveis estão conquistando mais dignidade e autonomia com o Projeto Pró-Catadores, desenvolvido pelo Sebrae em parceria com o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán (CDVDHCB). A iniciativa visa promover a formalização, capacitação e organização da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Açailândia (ASCAMAREA), fortalecendo a cadeia de reciclagem e impulsionando a economia local com geração de renda e sustentabilidade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 800 mil catadores de recicláveis, e mais de 90% dos municípios ainda destinam resíduos a lixões ou aterros controlados. Em Açailândia (MA), o lixão está em processo de desativação e seu fechamento é imposto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Embora a data de desativação tenha sido adiada, a legislação exige o fim dos lixões. A cidade enfrenta o desafio de implementar um aterro sanitário e promover a inclusão social dos catadores, através de iniciativas como a ASCAMAREA.
Foi nesse contexto que o projeto se tornou essencial, unindo o conhecimento técnico do Sebrae à atuação social do CDVDHCB para garantir condições dignas de trabalho e gestão eficiente da associação. “Eu sei trabalhar com reciclagem, tirar meu sustento do lixão, mas lidar com papelada e documentação é difícil, principalmente pra mim que não estudei muito. Agora, com a ajuda do Sebrae, a gente está aprendendo a organizar tudo certinho. Essa força nos dá mais segurança e dignidade”, conta Antônia Manço, 64 anos, presidente da ASCAMAREA. Para ela, o projeto trouxe o suporte que faltava para transformar o trabalho dos catadores em uma atividade reconhecida e sustentável. “É uma bênção na nossa vida. Quando a gente se junta, o nosso trabalho vira um negócio de futuro de verdade”, ressaltou.
De acordo com o gerente do Sebrae em Açailândia, Breno Soeiro, o Pró-Catadores tem como principal objetivo “impulsionar o desenvolvimento de cooperativas e associações de catadores, promovendo avanços na gestão, inovação e produtividade, além de incentivar a formalização de trabalhadores autônomos”. A iniciativa também prevê apoio técnico às prefeituras para facilitar a contratação de serviços de reciclagem junto às cooperativas e a realização de estudos sobre as cadeias da economia circular no Maranhão.
O trabalho do Sebrae começou com um diagnóstico para avaliar o nível de maturidade da gestão da ASCAMAREA. Atualmente, o foco está na legalização e na gestão administrativa, com ações voltadas à organização financeira e de recursos humanos. Segundo Breno, o programa atua em seis eixos estratégicos que fortalecem a estrutura da associação e ampliam seu impacto social e ambiental.
Organização e dignidade para quem sustenta a reciclagem
Desde sua fundação, em 2017, a ASCAMAREA tem sido acompanhada pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos – Carmen Bascarán para garantir que nenhum catador seja desamparado com o encerramento das atividades do lixão. A assessora Jareth Ribeiro explica que o Centro exerce papel de mediação e fortalecimento político da categoria. “Nosso trabalho inclui articulação, formação e defesa jurídica. Com o Pró-Catadores, conseguimos destravar pendências antigas e fortalecer a associação juridicamente”, destaca.
Além da assessoria jurídica e social do Centro de Defesa, o Sebrae tem contribuído diretamente para o processo de valorização dos catadores, oferecendo capacitações, consultorias e suporte técnico para aprimorar a gestão administrativa e financeira da associação. De acordo com o gerente do Sebrae em Açailândia, Breno Soeiro, o objetivo é ampliar a autonomia e o reconhecimento desses trabalhadores. “A atuação do Sebrae vai além do apoio técnico. Nosso papel é mostrar que o trabalho dos catadores tem valor econômico e ambiental, e que, com organização e gestão, eles podem ocupar um espaço importante na economia circular do município”, finalizou.