
O empreendedorismo feminino alcança números expressivos em 2025. De acordo com análise do Sebrae, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, o país já conta com mais de 10,4 milhões de mulheres donas de negócios, o que representa um crescimento de 42% entre 2012 e 2024. Atualmente, elas já correspondem a 34% das pessoas que empreendem no Brasil.
Apesar de representarem uma parcela cada vez mais ativa na economia, as mulheres ainda enfrentam obstáculos significativos: ganham, em média, 24% menos que os homens, mesmo tendo maior escolaridade, conforme levantamento do próprio Sebrae. A desigualdade também se expressa no acesso ao crédito, à formação e ao reconhecimento. Um estudo recente da Mastercard mostrou que 80% das brasileiras já pensaram em abrir um negócio, mas mais da metade — 53% — ainda não empreendeu, principalmente por falta de recursos e apoio.
No Maranhão, o cenário acompanha a tendência nacional. A mobilização promovida pelo Sebrae no estado tem incentivado a participação de mulheres em eventos como a ExpoMEI (Feira de Microempreendedores Individuais) e nas caravanas do programa Sebrae Delas — iniciativa voltada exclusivamente ao fortalecimento do empreendedorismo feminino. Os resultados são animadores: o número de empreendedoras formalizadas tem crescido, e a presença feminina em setores tradicionalmente masculinos é cada vez mais notável.
É nesse contexto que o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, criado em 2004, ganha ainda mais relevância. A premiação tem como objetivo reconhecer, valorizar e dar visibilidade às trajetórias inspiradoras de mulheres que lideram negócios de impacto em todo o país. Em 2025, o prêmio chega a mais uma edição com inscrições gratuitas abertas até o dia 15 de junho. Desde sua criação, mais de 100 mil mulheres já participaram da premiação e mais de 200 foram reconhecidas em nível nacional.

Histórias reais, desafios reais: Mayara transforma dor em sucesso
Mayara Lima, fundadora da Chambéry — a primeira pipocaria premium do Maranhão —, viveu uma profunda crise emocional após o nascimento do terceiro filho. Com sintomas graves de depressão pós-parto e a autoestima abalada, ela começou a fazer pipoca como uma forma de terapia. Aos poucos, os sabores únicos, o cuidado com a apresentação e o desejo de oferecer algo diferente viraram um negócio afetivo. “Era a forma de voltar a me reconhecer”, conta.
A empresa ganhou notoriedade pela inovação e pela identidade construída em torno da afetividade e da experiência do cliente. Em 2024, Mayara foi a vencedora prata da etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. “Foi um divisor de águas. Depois da premiação, passei a ser vista de outra forma, recebi convites, fui ouvida. Hoje, me preparo para internacionalizar minha marca”, afirma. A história da empreendedora é marcada pela reinvenção e também pelos desafios enfrentados por mulheres que conciliam maternidade, saúde mental e ambição profissional.
Mayara destaca o papel do Sebrae em sua trajetória. O apoio recebido por meio de capacitações e mentorias do programa Sebrae Delas fortaleceu sua atuação como gestora e como mulher. “As formações não só qualificaram meu negócio como ajudaram a construir minha autoconfiança”, diz. Sua história é uma entre tantas que mostram como o empreendedorismo pode ser, também, ferramenta de cura e empoderamento.
Edna Monteiro: do Bolsa Família à liderança na construção civil
Edna Monteiro começou sua trajetória como beneficiária do Bolsa Família, trabalhando como empregada doméstica para sustentar os cinco filhos. Em 2012, usou o pouco dinheiro que recebia para comprar materiais de limpeza e iniciou um pequeno negócio de faxinas. Com o tempo e muito esforço, fundou a Monteiro Serviços, empresa especializada em limpeza pós-obra, pintura e impermeabilização. Hoje, ela lidera uma equipe de mulheres que atuam em obras, espaço ainda dominado por homens.
“Foi muito difícil ser reconhecida como empresária. Andava a pé com a sacola nas costas, fazia de tudo, e mesmo assim não me levavam a sério por ser mulher, negra, vinda da periferia”, relata. Edna venceu a etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios em 2024, ficando com o troféu bronze. Para ela, o reconhecimento foi combustível para seguir crescendo. “O prêmio trouxe visibilidade e me mostrou que minha história importa”, afirma, feliz, Edna.
A empresária também reconhece a importância das formações oferecidas pelo Sebrae. Por meio dos programas Mulheres em Foco e Sebrae Delas, encontrou apoio técnico e emocional. “A gente aprende sobre gestão, mas também sobre autoestima. Passa a se ver como protagonista”, conta. Edna, que já empregou dezenas de mulheres, virou referência em sua comunidade, inspirando outras a acreditar em suas capacidades.

Reconhecimento, visibilidade e transformação
O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios é voltado a mulheres que lideram micro e pequenas empresas, sejam elas formalizadas como MEI (Microempreendedora Individual), microempresas, produtoras rurais ou negócios de base tecnológica. A edição de 2025 trouxe ainda a categoria Negócios Internacionais, voltada a empreendedoras que atuam com exportação. As vencedoras das etapas estadual, regional e nacional recebem troféus, mentorias, capacitações e prêmios em dinheiro, que variam de R$ 10 mil a R$ 30 mil, além de viagens para missões técnicas nacionais e internacionais.
A gestora local de Empreendedorismo Feminino na Unidade do Sebrae em Imperatriz, Aline Maracaípe, destaca que a premiação vai muito além da entrega de troféus. “Ela promove transformação real. Reconhece histórias que muitas vezes são invisíveis, fortalece a autoconfiança e impulsiona negócios liderados por mulheres em todas as regiões do país”, reflete ela.
No Maranhão, as ações de mobilização seguem até o fim das inscrições. As unidades regionais do Sebrae realizam atendimentos presenciais, visitas a empreendedores e oferecem orientações digitais. “Nenhuma história é pequena demais para ser contada”, prossegue a gestora.