Berço de manifestações culturais e traços de identidade marcantes, a região Nordeste vê crescer, a cada ano, o número de negócios que tem o conhecimento, a criatividade ou o capital intelectual como principais ativos. Trata-se da chamada economia criativa que tem ajudado países em desenvolvimento a transformar e diversificar suas economias.
No Brasil, a edição 2017 do Mapeamento da Indústria Criativa, elaborado pela Firjan, apontou que o segmento respondeu pela geração de R$ 171,5 bilhões e apontou quase 840 mil pessoas formalmente empregadas em atividades ligadas à economia criativa.
E revelou que os criativos do Nordeste geraram quase 28% do PIB (produto interno bruto) regional e perto de 2,7% do PIB nacional. São pessoas ainda com dificuldade de enxergarem a si mesmos como empreendedores e às suas atividades, como negócio.
É nesse cenário que trafegam o historiador Iramir Araújo e centenas de criativos espalhados por todo o Maranhão. Quadrinhista reconhecido e professor, Iramir tem incursões positivas no mercado editorial e agora em maio planeja o lançamento do livro “Além da Lendas”. A obra tem como base a cultura local e, como objetivo, mostrar a riqueza cultural do Maranhão para os maranhenses e além-fronteiras.
Como muitos criativos do Maranhão, Iramir tem encontrado no Sebrae apoio para empreender e tirar do papel boas ideias que podem se transformar em empreitadas lucrativas, por que não?
“O Sebrae nos atualiza sobre aspectos que nem sempre estamos atentos, sobre como desenvolver melhor nossa atividade, no sentido de encontrar caminhos e soluções para melhor fazer o encontro de nosso produto com o público a que ele se destina”, reflete o historiador.
“Com grande potencial decorrente da diversidade cultural regional, a economia criativa do Nordeste amplia a cada ano sua participação na geração de riquezas para o Brasil. No Maranhão, o Sebrae tem atuado forte nesse processo, com ações direcionadas para transformar as habilidades criativas naturais da nossa gente em ativos econômicos que possam gerar valor e contribuir com o crescimento socioeconômico do estado, fomentando negócios sustentáveis, gestão empreendedora, acesso a mercado, aprimoramento de produtos e modelos inovadores, o que ajuda a economia criativa, que vive o desafio de se reconstruir em todo o país neste momento e no pós pandemia”, explica o diretor Técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho.
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Empreendedorismo na ponta do lápis
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Iramir Araújo conta que chegou às ações do Sebrae por meio de palestras sobre assuntos diversos, mas, principalmente, os ligados ao empreendedorismo, à cultura e à indústria criativa. Participou da edição local do Dice Fellowship (programa de apoio aos criativos em parceria com o Conselho Britânico) e do Travessia, iniciativa também focada no apoio aos criativos e suas produções. Celeiro para fortalecer pessoas como Iramir e dezenas de criativos maranhenses.
Ele conta que a paixão pela escrita vem de longas datas. “Eu desenvolvo histórias em quadrinhos há muito tempo. Inicialmente de ficção policial e, depois, institucionais. Com vários artistas maranhenses, desenvolvemos e publicamos quadrinhos de vários gêneros”, contou Iramir Araújo.
A produção editorial também já tem um histórico. Em 2008, ele lançou a obra “Balaiada – a guerra do Maranhão”, como parte do projeto de criar quadrinhos com foco na história, cultura e literatura maranhenses. Em 2012, mais um título – “Ajurujuba – fundação da cidade de São Luís”. E, em 2019, “O Mulato – em quadrinhos”, projeto apoiado pela Lei de Incentivo à Cultura e patrocinado pela concessionária local de energia.
Agora, para viabilizar o livro “Além das Lendas”, Iramir se credenciou no Edital de Economia Criativa, iniciativa do Sebrae e Fapema, “um olhar necessário aos produtores de cultura do Estado”, analisa o empreendedor.
O livro “Além das Lendas” traz histórias, tendo como pano de fundo, algumas das lendas mais conhecidas do Maranhão. Cinco delas foram escolhidas: a de Dom Sebastião, a da praia do Olho d’Água, a lenda da Serpente Encantada, a da Manguda e a do Palácio das Lágrimas. Para converter em traços as lendas, foram convidados cinco artistas maranhenses: Amanda Belo, Beto Nicácio, Marcos Caldas, Rom Freire e Ronilson Freire.
“Sinto-me muito orgulhoso por estar realizando mais um projeto de vida e profissional”, explicou o empreendedor. “O Sebrae tem abeto caminhos que tem ajudado a consolidar a economia criativa no Maranhão”, concluiu Iramir.
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Mapeamento do Sebrae revela perfil dos criativos do Nordeste
Numa parceria com o Impacta Nordeste e Pipe Social, o Mapeamento Sebrae de Economia Criativa do Nordeste identificou negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que geram valor econômico na região e trouxe dados que permitem compreender melhor o ecossistema de economia criativa regional e identificar desafios e oportunidades para fomentar esse segmento.
Nesta primeira etapa, o mapeamento mostrou apenas dados gerais da região. Mas, o Sebrae no Maranhão planeja, a partir dos questionários captados, compilar os dados específicos do Maranhão para disponibilizar em seus canais de comunicação no princípio de 2021.
Segundo dados mapeados pelo Sebrae, na região Nordeste é possível identificar negócios criativos agrupados em quatro categorias: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade); mídias (editorial e audiovisual); cultura (patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais) e tecnologia (P&D – pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e TIC – tecnologia da informação e comunicação).
Um total de 63% dos pesquisados responderam atuar na cadeia da cultura; 47% em consumo; 25% em mídias e 8% em tecnologia. De acordo com o mapeamento, 62% das empresas possuem um modelo de comercialização B2C, ou seja, venda direta para o consumidor; 61% das empresas faturam até 100 mil reais e 16% afirmam já serem sustentáveis financeiramente.
O mapeamento avaliou ainda a fase de desenvolvimento dos negócios criativos do Nordeste. Entre estes, 39% estão na fase de organização do negócio; 11%, na formulação de protótipos e 20% na fase de identificação do MVP (consolidação do Produto Mínimo Viável). Apenas 4% dos mapeados se encontram em fase de pré escala ou validação, antes da operação propriamente dita. A idade dos negócios é equilibrada: 33% possuem mais de 5 anos, 32% até 2 anos e 28% de 2 a 5 anos.
Com relação à raça, 38% se declararam pardo, 37% branco, 20% negro e 1% indígena. As mulheres representam 55%, homens 43%, 1% se declarou transgênero e 1% optou por não responder. A média de idade da maioria dos fundadores é de 30 a 39 anos de idade (32%).
Entre os negócios pesquisados, 48% declararam ter atingido a maturidade financeira e 25% revelaram não terem atingido o ponto de equilíbrio ou não saber quando isso acontecerá.
No que se refere aos modelos de negócios praticados, 62% optam pelo B2C (negócios focados no consumidor final); 25%, no B2B (negócios entre empresas); 23%, no modelo C2C (comércio eletrônico) e 16%, no formato B2G (negócios com o setor público).
Quanto às formas de apoio, 66% têm no Sebrae o grande suporte e a expectativa deles é que o apoio venha na forma de orientação para remodelar os negócios, transformação digital, orientação para acesso ao crédito e para captação de recursos via editais, acesso a redes de relacionamento e a conteúdos da economia criativa, além de orientações sobre políticas públicas para o setor.
Com relação às leis de incentivo, 60% não conhecem e nunca utilizaram; 9% tentaram uma vez e não foram bem-sucedidos; 11% tentaram mais de uma vez e também não tiveram sucesso, enquanto 18% dos consultados declararam terem tido acesso aos benefícios previstos nesses instrumentos.
No quesito faturamento, 61% dos mapeados faturam até R$ 100 mil; 31% declaram não ter faturamento; 4% faturam entre R$ 100 mil e R$ 500 mil e apenas 1% tem faturamento superior a R$ 500 mil reais, em um mercado que gerou R$ 1,7 bilhões para a economia brasileira em 2017, segundo Mapeamento Firjan sobre Mercado da Economia Criativa.
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Para Danielle Abreu, analista do Sebrae (MA), gestora do projeto Cadeia de Valor da Economia Criativa Nordeste, a atividade é um importante condutor do desenvolvimento econômico da região com imenso potencial de geração de renda e emprego. Segundo ela, conhecer esses dados é fundamental para desenvolver novas iniciativas que fomentem o setor.
“Conhecer a realidade e necessidades dos empreendedores criativos é importante para que possamos direcionar os esforços e elaborar estratégias de atuação focando demandas reprimidas para fortalecer o ecossistema da economia criativa do Nordeste”, afirmou a analista.
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