O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava Estreito (MA) a Araguatins (TO), ocorrido em dezembro do ano passado, continua a afetar a região. As cidades de Carolina e Riachão, localizadas a 97 km e 195 km do local, respectivamente, enfrentam os reflexos da interrupção do tráfego de veículos. Os empreendedores locais relatam queda no fluxo de visitantes e dificuldades no transporte de mercadorias para o Tocantins.
Como parte da programação de visitas técnicas à região, a equipe do Sebrae esteve nos dois municípios para dialogar com lideranças locais e avaliar a situação. A prefeita de Riachão, Paula Coelho, destacou a importância do papel do Sebrae na superação dos desafios impostos pelo desabamento da ponte. “Como empresária eu confio nessa instituição. E como prefeita de Riachão eu quero fazer essa parceria com vocês para que a gente possa fortalecer os nossos hotéis, os nossos comerciantes. Queremos mostrar como a capacitação para atender o turista é importante. Ainda mais em um momento tão difícil como esse”, ressalta a gestora.
Impactos – Em Riachão, a redução do fluxo de veículos impacta diretamente o consumo local e o movimento em hotéis e pousadas. Luísa Valadez, proprietária de uma pousada na cidade, relatou uma queda significativa na ocupação. “Mesmo neste período de baixa temporada, o fluxo está muito abaixo do esperado. Desde o desabamento, tivemos uma redução de 70% nas hospedagens. Muitos motoristas estão desviando o trajeto, passando por Tocantins antes de chegar a Porto Franco ou Carolina”, explicou.
Já em Carolina, a situação é diferente. A cidade tem recebido parte do fluxo de veículos que antes utilizava a ponte em Estreito. Apesar do aumento no número de balsas disponíveis para a travessia do rio — de duas para seis —, a lentidão do processo tem gerado filas, o que preocupa os empreendedores locais. Durante a reunião realizada no município, a principal reclamação foi o impacto do tráfego intenso.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Carolina, Natal da Penha Ribeiro, apontou os transtornos gerados.” Quero fazer um alerta, porque eu moro e trabalho na Elias Santos. O excesso de velocidade é normal. Eu acredito que essa situação não vai mudar em menos de um ano, acredito que pelo menos dois anos. Sem falar que o calçamento não vai aguentar”.
Oportunidades – Por outro lado, o aumento do fluxo representa uma oportunidade para alguns negócios. Rui Tadeu, proprietário da Sertão Maranhense, loja de artigos artesanais, percebeu um aumento nos movimentos em seu empreendimento. “Muitas vezes precisamos também olhar pelos lados das oportunidades de situações como essa. Principalmente, os carros pequenos que esperam, o pessoal tem circulado pela cidade e visitado o comércio. Agora precisamos de um apoio como podemos aproveitar essas oportunidades para que pessoas se interessem em ficar ou voltar para Carolina”.
Avaliação – Para planejar ações de apoio e ampliação dos serviços já oferecidos na região, foram realizadas, no período de 21 a 23 de janeiro, visitas de representantes institucionais e técnicos do Sebrae de áreas como atendimento, finanças, inteligência, gestão estratégica, marketing, mercado e comunicação. Os relatos e informações coletados serão usados para direcionar ações da instituição nos próximos meses. A ação planejada pelo Conselho Deliberativo do Sebrae Maranhão (CDE), por meio de suas instituições membros, resultou em um plano de ações integradas para apoiar empreendedores nas cidades de Estreito, Porto Franco, Carolina e Riachão.
Uma das áreas com maior impacto é o acesso ao mercado. Com a mudanças no fluxo de veículos, pessoas e mercadorias, que por sua vez afetam as dinâmicas de vendas e prestação de serviços. Levantamento do Sebrae aponta 6.238 empresas ativas, com alta densidade empresarial nos quatros municípios mapeados. Queda estimada de 50% no ICMS e 25% no ISS nos quatro municípios afetados no primeiro trimestre após o incidente.
O analista de mercado, Fábio Braga, fala da relevância da escuta dos empreendedores locais. “Em Carolina, participamos da última rodada de escuta ativa junto aos empreendedores da região, junto com parceiros unidos em favor das soluções. É um momento oportuno para ouvir as demandas e os desafios que os empreendedores do município têm e buscarmos propor soluções para o avanço das empresas”, destaca.
Para chegar a esse plano de trabalho, buscou-se ouvir representantes dos segmentos econômicos mais impactados em cada cidade. “O intuito dessas visitas foi dimensionar a extensão dos impactos do desabamento na região. E assim, compreender melhor como o Sebrae vai posicionar a sua atuação nos próximos. Agora voltamos agora com muito dever de casa. As visitas geraram um grande volume de demandas”, explica o gerente da Unidade de Negócios do Sebrae em Balsas, Diógenes Sousa.